sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Oscar 2008: Balanço Geral.....Ou quando uma noite de glamour se transforma num festival de pesadelos.


Todo cinéfilo que se preze aguarda a noite do Oscar com a mesma intensidade com que uma criança espera o Papai Noel e o seu almejado presente de Natal. Chega a ser comum em muitos casos fazer uma listinha com os seus favoritos, ler blogs e sites que tentam prever a premiação. E olha que falo isso por experiência própria.
Quem assiste a transmissão da Globo vê toda essa expectativa e gostosa tensão se transformar em ondas de fúria e pontadas de ódio. Já posso começar esse texto criticando a não exibição integral da cerimônia. Para não prejudicar o Fantástico e o Big Brother Brasil, a emissora deixa de exibir premiações importantes como a de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Animação. Esse ano por acaso de um intervalo tivemos a chance de assistir Jávier Bardem ganhando. Repito o que eu disse. Por acaso de um intervalo. Agora quanto aos outros prêmios... Só ficamos sabendo pelos flashes durante a programação.
Bem, se o pesadelo já começava antes da exibição oficial, com o início da transmissão as coisas pioraram. Intervalos em ocasiões impróprias deixam os espectadores de fora de momentos importantes, como a apresentação das canções indicadas para o prêmio da categoria. E meu Deus! O que é José Wilker e Maria Beltrão apresentando? Diálogos forçados e canastrice em excesso. Beira ao constrangimento!

Quanto as premiações:

Morar em uma cidade relativamente desértica no que tange ao cinema chega a ser deplorável. E é em todo Oscar que tomo consciência maior desse fato. Explicando melhor: dos 5 filmes indicados para a premiação, nenhum estreou aqui por ainda. E sinceramente, nem sei se deve estrear! Então como posso comentar sobre a vitória ou derrota de filmes que ainda não assisti e nem sei se um dia ainda assistirei?


Bem emocionada, Marion abocanhou o prêmio de Melhor Atriz

Bem, fugindo da comicidade dessa situação, eu tenho sim os meus favoritos. O que não significa necessariamente que sejam os melhores. Torcia para o Juno, o que representaria uma vitória importante para o suado cinema indie. Torci para Paul Thomas Anderson, um dos diretores mais geniais da atualidade (digo isso pelos excepcionais Boogie Nights e Magnólia) abocanhasse um merecido prêmio de Melhor Diretor. Torci como um louco para a estoneante Ellen Page, e isso baseado na sua atuação hipnotizante em MeninaMá.Com (Ok. Reconheço. Argumento nada a ver né?!). Bem,, preciso fazer uma ressalva aqu: o prêmio para Marion Cotillard foi mais que merecido. Ela da um show na pele de Piaf. Já para ator...confesso que minha listinha ficou dividida entre Johnny Depp e Daniel Day Lewis. Ah, como não poderia comentar da vitória da ex-stripper Diablo Cody? É sempre bom mencionar quando Hollywood premia de fato roteiros inteligentes e pessoas interessantes.



A ex-stripper Diablo Cody, que depois do sucesso, disse em comentário recente que se tornou uma vendida por ter personal trainer e comer salada

No mais, o Oscar foi mais uma vez uma festa previsível e tradicionalista (a única exceção foi talvez a premiação para melhor atriz coadjuvante para Tilda Swinton e Melhor Atriz para Marion Cotillard). Jonh Stuart trouxe um pouco de vida para a cerimônia, já que por incrível que pareça alguma piadas funcionaram (eu pelo menos esbocei um sorriso sentado no meu sofá). Totalmente nostálgico, os vários clipes remetendo a premiações passadas foi um diferencial interessante.
Final: saldo positivo para uma cerimônia que quase não aconteceu por causa da famigerada greve dos roteiristas. E que venha o próximo Oscar. Com a apresentação intragável do mais intragável ainda casal global. Com todos os problemas já citados. E com toda aquela gostava tensão no meio.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

E um filme nunca foi tão real


Às vezes o cinema da minha cidade me surpreende. Sai do seu ostracismo para os chamados filmes alternativos, esses que não são produzidos no eixo hollywoodiano . Foi então com uma grande surpresa que vi a estréia do comentadíssimo filme romeno 4 Meses 3 Semanas e 2 Dias numa das salas daqui. Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes posso definir o filme de Cristian Mungiu como brilhante. Nem tanto pelo roteiro em si, mas sim pela destreza com que esse talentosíssimo diretor maneja sua câmera, imprimindo à película um tom cru, quase documental. Na feia e suja Romênia comunista de 1987, a universitária Otília (Anamaria Marinca, fantástica) se embrenha numa jornada para ajudar a sua amiga Gabita (Laura Vasiliu, brilhantemente irritante) a realizar um aborto. Longe de defender alguma causa, somos apresentados a personagens plausíveis, ambíguos e de modo algum maniqueístas.


O elenco central em um dos momentos mais angustiantes da projeção


A ausência de trilha sonora reforça o tom realístico do longa, pois afinal de contas na nossa vida cotidiana, não temos uma musiquinha ao fundo que realça as nossas emoções para os espectadores. Longos planos, algo não muito comum no cinema de hoje, perpassados pelos diálogos mais reais que já tinha visto pontuam o filme do início ao fim, fugindo totalmente dos clichês e situações de soluções fáceis que se tornaram um padrão no cinema americano. Cinema de ótima qualidade, como há muito tempo não se via. Prova de que não é necessariamente uma regra os melhores do ano estarem presentes numa lista do Oscar, já que 4 Meses 3 Semanas e 2 Dias não foi lembrado para nenhuma categoria.
Nota: 9,5

Dica de série: Cold Case (Arquivo Morto)


"Não são apenas processos em caixas. São pessoas"
Lilly Rush

Eu penso que os fãs de seriados americanos que dependem apenas na TV aberta sofrem. E olha que falo com conhecimento de causa, já que não possuo o luxo de uma TV a cabo e muito menos de uma internet de banda larga. Creio que somos uma espécie de heróis: rezamos todas as noites para que o humor do senhor Sílvio Santos não mude, ficamos acordados a madrugada inteira procurando algum seriado perdido no limbo televisivo. Quando conseguimos acompanhar, nossos problemas triplicam: agüentamos uma dublagem geralmente horrível e penamos com as sucessivas mudanças de horário e até mesmo o desaparecimento repentino.
Seguindo esse raciocínio eu já sofro por antecipação por gostar de Cold Case, batizado pelo senhor Sílvio de Arquivo Morto. Descobri essa série numa noite de insônia e desde então tem sido um esforço digno de Ulisses acompanhá-la. Exibida inicialmente sábado, logo após o já extinto Invasão (Invasion, no original, cancelado na sua 1º temporada), a série passou um tempo sumida e retornou nas noites de domingo, logo após o Oito e Meia no Cinema ( que venhamos e convenhamos, nunca começa nesse horário). Milagrosamente, parece que se estabilizou nessa faixa. O final de temporada que esta se aproximando já me deixa apreensivo com o que virá depois: Repises? Uma nova temporada? Ou o sumiço por um tempo indeterminado ou definitivo?
Criada por Meredith Stiehm, Cold Case retrata o trabalho de uma equipe de investigação criminal responsável por tentar solucionar casos já arquivados, encerrados ou não. Ao contrario de CSI e outros programas do gênero, a série inova ao humanizar ao máximo seus personagens. As vitimas não são apenas um trampolim para que os investigadores possam trabalhar e reafirmar o seu posto de estrelas do programa: possuem histórias. Não é raro, nós, meros espectadores, nos envolvermos de uma tal forma com os dramas apresentados que chega a ser impossível não se emocionar no final. É claro que a trilha sonora, fantástica por sinal, ajuda muito nesse processo.


Se Cold Case é um sucesso, tanto artisticamente quanto de publico, grande parte desse mérito é de sua protagonista, a atriz Kathryn Morris (estranhamente nunca lembrada por nenhuma premiação do Globo de Ouro ou do Emmy). De uma classe ímpar, a diva transmite uma elegância mesclada com uma vulnerabilidade que transforma sua personagem, a detetive Lilly Rush, a mais interessante do programa. É a grande oportunidade dessa atriz de 39 anos brilhar, já que até essa série nunca havia sido notada (a não ser por participações especiais em filmes como AI-Inteligência Artificiale Minority Report). Então, meu caro leitor, não perca tempo! Corra para o SBT e assista antes que o senhor Sílvio tire do ar ok?!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dez anos de Dawson's Creek!


Parece que foi ontem não é mesmo? Mas foi há 10 anos atrás, mais precisamente no dia 20 de janeiro de 1998 que a Warner Bros. americana exibiu o primeiro episódio da série dramatica criada por Kevin Williamson (mais famoso pela trilogia Pânico). Este, na época, dizia ter criado a série a partir de suas experiências na adolescência. Não é a toa, que o protagonista, Dawson Leery, é um precoce diretor de filmes em potencial. Eu me lembro pouco de quando Dawson's Creek estava no auge. Naquele tempo eu preferia gastar as minhas energias discutindo Pokemón e Sakura Card Captors do que a uma série dedicada conflitos adolescentes. Me lembro quando saiu nos jornais que a série exibiria um beijo gay. E me lembro também que possuía uma audiência explosiva. Eu costumava comprar uma revistinha que custava R$0,99, a Comix(que saudades dessa época em que uma SET era apenas R$4,50 e que a Herói me deixava muito feliz custando apenas R$3,90), que trazia um pôster e um textinho sobre a série: ali a tachavam de um fenômeno pop contemporâneo, e que seria facilmente esquecido após alguns anos.
Um erro crasso, um ledo engano. Williamson, ao criar uma série que mostrava o doloroso processo de amadurecimento, a complicada passagem da adolescência para a vida adulta, apresentou para o público personagens reais,situações verdadeiras,mesmo que criticado por apresentar jovens articulados e exageradamente eloquentes. Ao contrário de seriados de hoje em dia, como The O.C (já cancelada) e o atual sucesso de audiência, Gossip Girl, que se valem do glamour e do fascínio que o mundo dos endinheirados exerce sobre nós, pobres mortais, Dawson's Creek, apostou numa linha inversa. Resgatou o clima bucólico de uma cidadezinha pequena, e colocou ali pessoas que se matavam de trabalhar para entrar em uma boa faculdade, tinham uma série de problemas tão reais como os nossos, já que criavam grande parte deles.
Como uma homenagem a essa série que marcou uma geração, elegi alguns dos melhores dialógos e melhores frases da série e posto aqui abaixo para vocês:

"Interessante as pessoas usarem a expressão ‘vida e morte’, implicando que a vida é o oposto da morte. Mas o nascimento é o oposto da morte. A vida não tem oposto”. Dawson, 6º temporada.

" Joey: - É, a conversa inevitável que ainda não tiveram. sabe, ela vai te perguntar se ainda podem ser amigo porque ela iria adorar se pudessem. E vc diz? ... vai, dawson, precisa dar uma resposta. vc diz... Dawson: - Sei lá! Eu quero ser amigo dela. E de repente, não quero. Como pode ser amigo de aguém de quem vc quer muito mais? Joey: - Sabe, não sou especialista nisso, mas acho que dá pra fazer isso!"
Dawson&Joey, 1ºtemporada.

"Sempre pensei como minha mãe reagiria se soubesse o que esta acontecendo comigo. Se fosse mentalmente capaz de entender. Acho que ela não ligaria por que me ama pelo melhor motivo que existe, por nenhum motivo."

Jack, 2º temporada.


“...A verdade é que com o tempo só seremos uns para os outros uma população de lembranças, algumas maravilhosas e carinhosas, outras não, mas somadas essas lembranças nos fazem quem somos e quem seremos. Quer estejamos juntos agora ou no pensamento uns dos outros, lembremo-nos uns dos outros no futuro. Espero que independente de onde a vida nos levar, sempre levaremos uns aos outros no coração.”
Joey, 4º temporada.

"Jen: Não sinta nojo de mim, Dawson. Saiba lidar comigo. Aceite-me. E aceite o fato de que há gente nesse mundo que não precisa ser salva.
Dawson: Jen, você está bêbada.
Jen: Escuta. Eu tentei, ok? Tentei viver como você. Mas não tenho esse tipo... de esperança. Se todos tivessem, gente como você não seria tão especial.
Dawson:Jen, você é especial.

Jen: Não sou não, você quer que eu seja.
Dawson: Se você não fosse tão especial, não estaria tão infeliz..."
Dawson&Jen, 2º temporada.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Novos horizontes! Afinal de contas, se não for isso, o que será?!


Acho que resolvi abandonar minhas expectavivas de ser contratado por uma famosa revista de cinema, me tornar um crítico super badalado, daqueles que viajam pelo menos três vezes por ano para Hollywood, onde além de visitar os sets de filmes muitas vezes medíocres, ainda toma um cafezinho com alguma celebridade esnobe. É hora de mudar.
Dessa forma, o Paradoxo Parabólico abandona sua jornada em busca do filme perfeito para falar de paranóias e futilidades. Se isso vai dar certo? Acho que não! Mas por enquanto, seja bem vindo a minhas viagens introspectivas!

Volta....?!