domingo, 6 de setembro de 2009

Love of Siam


É uma manhã fria aqui em São Paulo. Até agora pouco estava olhando fixamente pela minha janela, achando o gotejar interminável da chuva a coisa mais interessante do mundo. Estava pensando em coisas sem muita lógica. Principalmente em como não tem sido nada fácil me adaptar em uma metrópole e em como me convenço cada dia mais que eu não tenho nada do espírito cosmopolita. Na verdade, acho que só quero uma casa com jardim e um cachorro.

Ok. Pieguismos a parte, o fato é que nesses meus momentos de angustia eu sinto uma vontade danada de escrever. Estranho não? Eu li uma vez em algum lugar que escrever é uma atividade de pessoas solitárias. Hoje, não posso deixar de dar um pouco de crédito para a pessoa que escreveu isso. Afinal, o que escrevo aqui era o que eu gostaria de estar dizendo para o mundo. As idéias se acumulam de tal forma no meu cérebro que descarregá-las nesse blog se torna uma tentativa desesperada de preservar a minha integridade mental.

Feito esse pequeno manifesto, vamos ao motivo principal que me levou a voltar depois de quase um ano sem posts. Foi o filme Love of Siam, película tailandesa escrita e dirigida por Chookiat Sakveerakul, famoso em seu país por fitas de suspense e terror. Curiosamente, Love of Siam é a singela história de amor entre dois amigos de infância, Mew e Tong. Separados na infância por conta de uma tragédia familiar, se reencontram anos mais tarde, no final da adolescência. Mew é agora o vocalista e compositor da banda August. Mas tem um problema. Não se sente capaz de escrever uma canção de amor, talvez porque nunca se apaixonou. Já Tong vive cercado por uma mãe super protetora, uma namorada pentelha e amigos mais pentelhos ainda. Certo dia os dois se reencontram na Praça de Siam e a partir daí tem início uma das histórias de amor mais legais e diferentes que já tive a oportunidade de assistir em filmes do gênero.


Diferente porque Love of Siam não se propõe a levantar nenhuma bandeira, defender nenhuma causa. Não se vale de corpos sarados, beijos ardentes nem nada do tipo para garantir um público fiel. Pelo contrário, a ação transcorre em um cenário convencional, com todos os dramas que ele evoca. Outro mérito do filme é sem dúvida o seu elenco, afiadíssimo. Destaca-se a atuação excepcional de Sinjai Plengpanich como, Sunee, a mãe de Tong. Personagem de poucas palavras, conseguimos sentir toda a sua angústia apenas pelo seu olhar.



Uma rápida olhada no Google me informou que o lançamento do filme foi permeado de polêmicas. A começar pela estratégia de marketing utilizada para promover a obra. Em todos os cartazes e trailers promocionais lançados temos a idéia que estaremos mais uma vez diante de uma comédia romântica, com todos os seus ingredientes tradicionais. De farto, o próprio diretor, Chookiat Sakveerakul, admitiu que o filme foi comercializado como um filme de romance hétero para que fosse possível atingir um público mais amplo. De acordo com ele "o filme não é sobre personagens gays, não estamos focando questões gays, não estamos dizendo, 'Vamos sair do armário’”. Não queriamos que o filme tivesse um rótulo gay”.



O diretor não ignorou a reação mista do público. Em uma entrevista ele contou que foi disfarçado em uma sessão observar a platéia Saiu de lá abismado. Disse que “não esperava uma reação tão forte. Talvez eu era muito otimista de que a homofobia na sociedade tailandesa tivesse se acalmado."

Love of Siam foi lançado nos cinemas tailandeses em 22 de novembro de 2007, em 146 salas. Foi o filme mais visto na Tailândia na sua semana de estréia, superando o sucesso de Beowulf. Em Taiwan o filme chegou oficialmente nas telonas em 19 de setembro de 2008 e em 16 de julho de 2009 em Singapura.

No que se refere às críticas recebidas pelo filme, a reação foi bem dividida. Por exemplo, a crítica do Bangkok Post Rithdee denominou o filme de inovador já que foi o primeiro filme tailandês a discutir a sexualidade dos adolescentes com franqueza. Elogiou então a maturidade da trama, com seus aspectos familiares e desempenhos sólidos por parte do elenco. Outro crítico do mesmo jornal escreveu que o filme continha lições importantes para a sociedade tailandesa. “O ponto que o filme tenta ensinar os espectadores é que o amor é uma forma evoluída do apego emocional, que transcende a atração sexual da forma física”. Por outro lado, críticos como Gregoire Glachant da revista BK,comentou que Love of Siam não era um filme muito bem feito. Para ele, a câmara de Chookiat registrou uma história sem graça, com movimentos de câmara sem propósito nem direção.

Love of Siam foi sem duvida um dos melhores filmes que tive a oportunidade de assitir esse ano. Fiquei um tempão parado na frente do computador, tentando digerir tudo o que tinha assistido. Tentando me decidir de gostava ou não do final e o que ele realmente significava. Se tiverem a oportunidade, assistam, sem medos nem preconceitos. E depois comentem e me digam o que acharam ok?! Abraços e até a próxima.
Nota: 10




Aí eu me pergunto:
Se podemos amar alguém tanto assim,
Como vamos suportar quando nos separarmos?
E se ficar separado faz parte da vida?
E se já sabemos bem as dores da separação
Será que dá pra amar uma pessoa sem medo de perdê-la?
E também fico pensando,
Será que dá pra passar a
vida toda sem amar ninguém?
Essa é a solidão que eu sinto.
Mew, Love of Siam


Donwload do filme:
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Crédito: http://ryanncamel.blogspot.com