
Todo cinéfilo que se preze aguarda a noite do Oscar com a mesma intensidade com que uma criança espera o Papai Noel e o seu almejado presente de Natal. Chega a ser comum em muitos casos fazer uma listinha com os seus favoritos, ler blogs e sites que tentam prever a premiação. E olha que falo isso por experiência própria.
Quem assiste a transmissão da Globo vê toda essa expectativa e gostosa tensão se transformar em ondas de fúria e pontadas de ódio. Já posso começar esse texto criticando a não exibição integral da cerimônia. Para não prejudicar o Fantástico e o Big Brother Brasil, a emissora deixa de exibir premiações importantes como a de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Animação. Esse ano por acaso de um intervalo tivemos a chance de assistir Jávier Bardem ganhando. Repito o que eu disse. Por acaso de um intervalo. Agora quanto aos outros prêmios... Só ficamos sabendo pelos flashes durante a programação.
Bem, se o pesadelo já começava antes da exibição oficial, com o início da transmissão as coisas pioraram. Intervalos em ocasiões impróprias deixam os espectadores de fora de momentos importantes, como a apresentação das canções indicadas para o prêmio da categoria. E meu Deus! O que é José Wilker e Maria Beltrão apresentando? Diálogos forçados e canastrice em excesso. Beira ao constrangimento!
Quanto as premiações:
Morar em uma cidade relativamente desértica no que tange ao cinema chega a ser deplorável. E é em todo Oscar que tomo consciência maior desse fato. Explicando melhor: dos 5 filmes indicados para a premiação, nenhum estreou aqui por ainda. E sinceramente, nem sei se deve estrear! Então como posso comentar sobre a vitória ou derrota de filmes que ainda não assisti e nem sei se um dia ainda assistirei?

Bem emocionada, Marion abocanhou o prêmio de Melhor Atriz
Bem, fugindo da comicidade dessa situação, eu tenho sim os meus favoritos. O que não significa necessariamente que sejam os melhores. Torcia para o Juno, o que representaria uma vitória importante para o suado cinema indie. Torci para Paul Thomas Anderson, um dos diretores mais geniais da atualidade (digo isso pelos excepcionais Boogie Nights e Magnólia) abocanhasse um merecido prêmio de Melhor Diretor. Torci como um louco para a estoneante Ellen Page, e isso baseado na sua atuação hipnotizante em MeninaMá.Com (Ok. Reconheço. Argumento nada a ver né?!). Bem,, preciso fazer uma ressalva aqu: o prêmio para Marion Cotillard foi mais que merecido. Ela da um show na pele de Piaf. Já para ator...confesso que minha listinha ficou dividida entre Johnny Depp e Daniel Day Lewis. Ah, como não poderia comentar da vitória da ex-stripper Diablo Cody? É sempre bom mencionar quando Hollywood premia de fato roteiros inteligentes e pessoas interessantes.

A ex-stripper Diablo Cody, que depois do sucesso, disse em comentário recente que se tornou uma vendida por ter personal trainer e comer salada
No mais, o Oscar foi mais uma vez uma festa previsível e tradicionalista (a única exceção foi talvez a premiação para melhor atriz coadjuvante para Tilda Swinton e Melhor Atriz para Marion Cotillard). Jonh Stuart trouxe um pouco de vida para a cerimônia, já que por incrível que pareça alguma piadas funcionaram (eu pelo menos esbocei um sorriso sentado no meu sofá). Totalmente nostálgico, os vários clipes remetendo a premiações passadas foi um diferencial interessante.
Final: saldo positivo para uma cerimônia que quase não aconteceu por causa da famigerada greve dos roteiristas. E que venha o próximo Oscar. Com a apresentação intragável do mais intragável ainda casal global. Com todos os problemas já citados. E com toda aquela gostava tensão no meio.