
Quando acabei de assistir ao Não por Acaso saí do cinema filosofando sobre o tempo. Ou sobre a inevitabilidade de certas coisas na nossa vida. Quantas vezes eu no pensei no que poderia ter me acontecido se eu resolvesse ir por um caminho diferente para a escola! Ou quantas vezes eu escapei de ser atropelado por uma questão de segundos. Lembro de uma vez, quando eu devia ter os meus 8 anos, quase fui atropelado por um trem. Estava eu e meu irmão descendo uma ladeira a toda quando passamos pelo trilho sem nem olhar e escutar nada. Eu consegui atravessar. Já o meu irmão foi puxado pela camisa por um senhor que de certo modo acabou salvando a sua vida. Imagino o que teria acontecido se tivéssemos demorado um ou dois segundos.
Não por Acaso é um filme sobre destino. E como falei acima, sobre a inevitabilidade de determinadas coisas em nossa vida. Pode ser encarado também como um longa sobre superação e a busca do ser humano por controle. Utiliza a velha formula (que confesso nunca ter visto em filmes nacionais) de destinos que se cruzam. Na estória, Ênio (Leonardo Medeiros) e Pedro (Rodrigo Santoro) são duas pessoas, aparentemenete sem nada em comum. Ênio controla o trânsito da cidade de São Paulo. Mesmo que eficiente na sua profissão, não demonstra a mesma segurança e o mesmo controle na sua vida pesoal: é de certo modo frustrado e incapaz de lidar com a existência de uma filha já adolescente (Rita Batata, mediana). Enquanto isso, Pedro é um exímio fabricante de mesas de sinuca e um hábil praticante do esporte. Vive um ótimo momento em sua vida: sua namorada (A ótima Branca Messina) acabou de mudar para a sua casa. A vida desses dois sujeitos irão se cruzar. Só que por ocasião de uma tragédia.
A estréia de Philippe Barcinski na direção de um longa surpreende pela profundidade dos temas- algo já previsto para um diretor aclamado por curtas existenciais e conceituais como A Escada(1996) e Postal Branco (1998)- e pelo controle do que se passa na tela. Nada é por acaso na película e mesmo quando o filme ameaça soar forçado, o diretor retorna a trama para o plano da causa e efeito. Grande trunfo do cinema nacional neste ano.
Nota: 8,5
Um comentário:
Se este filme te fez tudo isso....sair filosofando do cinema, então palmas ao cinema nacional!
xD
Uma trama que eu não daria nada, principalmente por ser nacional (sem preconceitos, só estou sendo realista)...então se funcionou, é um filme que merece ser visto!
Abraço
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