domingo, 16 de setembro de 2007

Deliciosa surpresa: Maria Antonieta, por Sofia Coppola

Quando eu devia ter os meus 14 anos, me lembro perfeitamente de estar aguardando ser atendido pelo oftalmologista quando me deparei em uma revista qualquer com uma resenha sobre o filme “As Virgens Suicidas”(2000). Mesmo que o interesse pelo trabalho de Sofia Coppola tenha surgido aí, demorei anos para que pudesse entrar em contato com ele. Isso aconteceu em “Encontros em Desencontros”(2003). Com dois atores excepcionais (Bill Murray e Scarlett Johansson), Coppola conseguiu imprimir um dinamismo e uma melancolia sem precedentes a um dos melhores filmes sobre solidão que já tive a oportunidade de assistir. Aliás, solidão é o tema central de seu novo filme: Maria Antonieta. Na sinopse, temos a história de uma jovem garota, retirada de sua terra natal, para se casar com um sujeito de uma região distante. Sozinha em uma terra estranha sofre com o tédio e com os problemas sexuais de seu marido. Em um profundo descompasso com o mundo que a cerca, se entrega ao ócio e a futilidade. Não seria nada estranho se curtisse um bom rock indie. Ou se possuísse pares de All Stars. É, poderia ser a história da minha vizinha. Mas estou falando de Maria Antonieta, a austríaca que se tornou rainha da França em um conturbado contexto que culminaria na Revolução Francesa. Caracterizada sempre como um epíteto para futilidade, foi decapitada no calor da Revolução. Mas não é esse personagem, já mítico, que vemos no filme de Coppola. Nos vemos diante de um personagem irresistivelmente humano, com todas suas fraquezas e virtudes. E mais uma vez, temos a solidão, presente de uma tal maneira na vida da personagem, tranformando-a em uma relação dialética.Mas se este processo de humanização de um personagem tão controverso tenha partido da mente fértil da diretora, não estaria sendo justo se não desse os devidos créditos para Kirsten Dunst. Quase sempre relegada a papéis insossos em filmes mais insossos ainda, Kirsten compõe uma Maria Antonieta extremamente frágil, que viria a descobrir sua força tarde demais. Carismática, nos oferece uma personagem apaixonante.Chego assim a uma conclusão importante: Meu Deus, quero assistir a “As Virgens Suicidas” o mais rápido possível!

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